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Justiça de Paulínia defere recuperação judicial da Fertilizantes Heringer

A Justiça de Paulínia, a 119 quilômetros de São Paulo, homologou quarta-feira (6), o plano de recuperação judicial da Fertilizantes Heringer. A empresa, quarta maior produtor de fertilizantes do Brasil, apresentou o pedido de recuperação judicial em “caráter de urgência” dia 4 de fevereiro.

A juíza Marta Brandão Pistelli, da 2ª Vara da Comarca de Paulínia, determinou como administrador judicial, o advogado Oreste Nestor de Souza Laspro, cadastrado no site do E-TJSP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo), que assine o termo de compromisso em 48 horas, após intimação pessoal, caso contrário será substituído. A juíza também comunicou o Ministério Público e o TJ.

A magistrada destacou a importância social da companhia. “Aceito o pedido de recuperação judicial, e com isso, todas as ações e execuções atualmente em curso contra a empresa são suspensas. O prazo é de 180 dias corridos”, destacou em sua decisão.

Para a juíza, o plano de recuperação judicial possui os critérios necessários para compatibilizar os interesses tanto da empresa devedora quanto dos credores. “Não resta ao juízo maiores dificuldades na sua homologação. Os credores das diferentes classes foram devidamente contemplados, a empresa tem cronograma definido economicamente justificável para a retomada das atividades”, escreveu.

Em seu pedido, “a companhia ressalta que o processo de recuperação judicial representa um novo passo em seu processo de reestruturação financeira, administrativa e operacional, e possui como objetivo permitir a continuidade dos negócios desenvolvidos pela Heringer”, informou a empresa em comunicado.

No pedido de recuperação judicial, a empresa destacou a readequação da estrutura administrativa e operacional e o fechamento de 9 das 23 plantas produtivas (mistura) e centros de distribuição que ficam nas cidades de Rondonópolis (MT), Dourados (MS), Três Corações (MG), Uberaba (MG), Rio Verde (GO), Porto Alegre (RS), Rio Grande (RS), Paranaguá (PR), Rosário do Catete (SE).

Dificuldades da Heringer
Durante o fechamento do terceiro trimestre de 2018, a empresa já vinha passando por dificuldades, onde o capital de giro da Heringer estava negativo em R$ 1,3 bilhão. A companhia só poderia quitar as dívidas a curto prazo (que vencem em até um ano) com a venda de ativos.

Em números, a empresa vem perdendo receita desde 2016, onde chegou a R$ 5,3 bilhões de reais, caiu em 2017 para R$ 4,8 bilhões, e contrariando as expectativas de aumento, e enfrentou nova redução em 2018 para R$ 3,8 bilhões.

“A administração da companhia empreendeu esforços e estudos, em conjunto com seus assessores legais e financeiros, para otimizar a situação de liquidez e o perfil de endividamento da companhia nos últimos meses, tentando, inclusive, buscar potenciais investidores no sentido de equilibras as demandas de capital de giro para manter as atividades operacionais, onde a situação se deteriorou. À conjuntura adversa no setor de atuação da companhia, os desafios decorrentes da situação econômico-financeira da companhia se mantém e vêm se agravando”, informa a companhia, onde julgou um pedido de recuperação judicial seria a medida adequada.

Empregos
Atualmente a empresa possui 927 funcionários diretos e 700 representantes cadastrados. Nos últimos 2 anos vem passando por problemas financeiros que geraram diversas necessidades de ajuste de quadro de funcionários.

Empresa de 50 anos
A Fertilizantes Heringer foi fundada em 1968, com sede em Viana, no Espírito Santo. Na cidade de Paulínia está desde 1985, no bairro Betel.

A empresa de fertilizantes tem a quarta maior parcela de participação de mercado. Ela fica atrás apenas da norueguesa Yara, da brasileira Fertipar e da americana Mosaic.

Em 2007, a Heringer abriu seu capital no novo mercado da BM&F Bovespa. Em 2015, a marroquina OCP comprou 10% da participação da companhia, seguimento máximo de governança corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo. Além disso, a canadense Nutrien adquiriu 9,5% da fatia de capital da empresa.