Devido ao isolamento social provocado pela Covid-19, as novas variedades de flores e plantas ornamentais, este ano, serão apresentadas apenas nas prateleiras dos pontos de vendas e, de forma virtual ao consumidor final, considerando que a sua grande vitrine, a 39ª edição da Expoflora, realizada anualmente em Holambra, teve que ser adiada para 2021. Nem por isso os lançamentos de 2020 deixam de trazer muitas cores e alegria para decorar casas e jardins em um ano difícil para todos os setores.
Mesmo atravessando um período complicado, com o mercado mais difícil de ser recuperado devido ao cancelamento de todos os eventos sociais e corporativos, casamentos e formaturas, os produtores de flores de corte também trazem novidades, como a exótica flor de corte Eryngium “Blue Lagon” e a impressionante rosa Wasabi, na cor verde clara.
Entre as novidades, estão as floríferas Dianthus dobradas, as delicadas kalanchoes bicolores, a chamativa Crassula Capitella “Campfire”, as exuberantes Begônias Beleaf e Brevirimosa, as alegres margaridas (crisântemos) Bless, as atraentes Peperomias Dolabriformis, as pequeninas Zamios Zimba, os ornamentais Amaryllis com bulbos aparentes e as fashions Phale Glitterz e Echeveria Colors.
As novas variedades são trazidas principalmente da Holanda (entre 60% e 70% delas), da Dinamarca e da Alemanha. Elas são desenvolvidas por breeders (melhoristas), assim chamados por serem os responsáveis pelos melhoramentos genéticos que buscam não apenas a beleza, mas, principalmente, a maior durabilidade e resistência das flores e plantas. Em média, cada nova variedade demora cerca de sete anos para chegar ao mercado brasileiro, considerando o investimento de tempo de pesquisa e desenvolvimento das plantas e flores e os testes de adaptação de clima e de solo feitos pelos produtores no Brasil (no geral, dois anos).
O investimento varia muito para cada espécie. Michel de Graaf, da empresa de melhoramento genético holandesa Dummen Orange e representante da Spek (também da Holanda) e da Kordes (Alemanha), informa que as pesquisas e o desenvolvimento de cada nova variedade custam em torno de 40 mil euros. A Dummen Orange desenvolve variedades de rosas (vaso e corte), crisântemos (vaso e corte), gérberas, kalanchoes, antúrios, begônias, impatiens, pelargoniuns, petúnias, zantedeschias, phalaenopsis e poinsettias, enquanto a Spek e a Kordes são melhoristas apenas de rosas.
“A rosa ainda é a flor mais vendida no mercado brasileiro. Por isso, chegam anualmente no país cerca de 150 variedades novas para serem testadas pelos produtores, das quais 50 destas empresas que represento. De kalanchoes, creio que estejam em testes entre 30 e 40 novas variedades, atualmente, no Brasil. Por enquanto, independente da flor ou da planta, nenhuma tem nome, ainda. Elas são identificadas apenas por números e códigos. Isso porque, 95% das variedades que são testadas acabam sendo descartadas e nunca chegarão ao consumidor”, explica.
O investimento é feito pelo breeder, cabendo aos produtores os custos dos testes, que incluem a área para o plantio, mão de obra, vasos e produtos, como terra, adubo, fertilizantes e defensivos, por exemplo. No entanto, os produtores precisam pagar royalties (quantia paga pelo direito de uso, exploração e comercialização) aos melhoristas, pelo investimento realizado. O preço dos royalties é muito variável, de R$ 100,00 para cada mil mudas para algumas variedades de kalanchoes a cerca de U$ 1,00 por planta, no caso das novidades em rosas.
“No Brasil, os melhoramentos genéticos já acontecem em frutas e legumes, mas em flores, ainda não. No entanto, em algumas situações surgem cruzamentos espontâneos de flores e plantas – uma mutação natural -, originando uma nova variedade que é separada e acaba sendo multiplicada. Mas é diferente de um melhoramento genético que se preocupa com a maior durabilidade, qualidade e resistência às doenças, e que são as principais preocupações dos melhoristas”, conta Michel.