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Funcionários protestam contra precarização das condições de trabalho na Replan

Funcionários realizaram nesta sexta-feira, dia 24, ato no portão principal da Refinaria de Paulínia – Replan | Foto: Sindipetro Unificado/ Divulgação)

Cerca de 300 funcionários da Refinaria de Paulínia (Replan), a 118 quilômetros de São Paulo, realizaram nesta sexta-feira, (24), um ato contra a precarização das condições de trabalho na maior refinaria do país.

A manifestação aconteceu das 7h às 9h30, no portão principal e não afetou o trânsito na rodovia Professor Zeferino Vaz – SP-332, informou a Polícia Rodoviária. Nenhum funcionário foi impedido de entrar.

O ato aconteceu quatro dias após grave acidente no interior da linha de produção. A explosão, seguida de incêndio, causou a paralisação emergencial de toda a refinaria.

Trabalhadores garantem que este foi o pior acidente registrado na história da refinaria, inaugurada em maio de 1972. Foi criada uma comissão interna que está investigando as possíveis causas do acidente.

De acordo com o Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro), o protesto é contra a precarização das condições de trabalho e redução do efetivo mínimo.

A Replan tem duas unidades de craqueamento e duas de destilação. Como apenas duas das quatro unidades foram afetadas, a refinaria poderia retomar o processo operacional parcialmente, mas a parte de produção continua parada e sem previsão de retorno.

O problema é que várias linhas de tubulação, que passam pelas unidades prejudicadas, sofreram grandes avarias e essa malha é fundamental para o acionamento parcial da refinaria. Sem essas linhas periféricas funcionamento perfeitamente, as duas unidades da destilação e do craqueamento, que não foram atingidas pelo acidente, ficam sem condições de operar.

Unidade de craqueamento catalítico antes da explosão, seguido de fogo

Sem previsão de retorno
A Petrobras informa que o incêndio atingiu parte das unidades U-200 (destilação atmosférica) e U-220A (craqueamento catalítico) da Replan. A Petrobras já iniciou o processo de retomada destas unidades, estimando o início do processo produtivo para os próximos dias.

A capacidade total da refinaria é de 415 mil barris por dia e ainda não é possível prever o retorno à operação das unidades afetadas.

A companhia informa que não estima impactos financeiros relevantes, mesmo com os remanejamentos da produção de outras refinarias, reforma das unidades atingidas e eventual importação de derivados, se necessária.

A entrega de produtos às distribuidoras foi reiniciada dia em 21. A Petrobras conta com estoques da própria refinaria e com a produção das demais para garantir a oferta de combustíveis aos seus clientes.

Unidade de craqueamento catalítico após da explosão e fogo

Manutenção terceirizada
Conforme o Sindicato Unificado dos petroleiros de São Paulo (Sindipreto), a explosão ocorreu em uma unidade de craqueamento (processo que transforma as partes mais pesadas e de menor valor do petróleo em moléculas menores, dando origem a derivados mais nobres, aumentando o aproveitamento do petróleo).

O tanque de águas ácidas explodiu, provocando incêndio na área. As chamas de alastraram e atingiram uma unidade de destilação (processo no qual o petróleo é aquecido em altas temperaturas até evaporar, para separação dos derivados, como gasolina, querosene de aviação, diesel e asfalto, entre outros).

O que chama a atenção do Sindicato é que o acidente aconteceu poucos dias após o término de uma parada para manutenção do craqueamento. Pela primeira vez, o serviço foi executado por uma empresa de fora, apenas com trabalhadores terceirizados. O serviço incluiu a manutenção das grandes máquinas, que demandam conhecimento específico e mais qualificado.

“Historicamente, a manutenção desses grandes equipamentos, que são considerados o coração das unidades, sempre foi feita por mão de obra própria, utilizando-se, principalmente, do acervo técnico e acúmulo de experiência, conhecimento que era passado de trabalhador a trabalhador”, explica o diretor do Unificado Jorge Nascimento.