Apesar do aumento da oferta, a Maternidade de Campinas precisa atingir 200 litros mês; campanha de conscientização sobre a importância da doação e a realização de exames sorológicos no próprio hospital, entre outras ações, foram essências para o crescimento nos primeiros 4 meses de 2018
8 O Centro de Lactação – Banco de Leite Humano da Maternidade de Campinas, referência na Região Metropolitana de Campinas, a RMC, na oferta de leite materno, especialmente para os recém-nascidos prematuros, aumentou de 70 para 119 litros/mês, acréscimo de 70% na média mensal de litros coletados nos quatro primeiros meses deste ano em relação a 2017.
O crescimento reflete o esforço da Maternidade de Campinas em implantar iniciativas que impulsionem a captação de leite materno. Apesar dos dados extremamente positivos, que atendem à demanda do hospital, ainda é preciso um estoque mais confortável. O estoque médio está em 119 litros por mês. O ideal seria chegar a 200 litros por mês, considerando o cenário de todos os leitos ocupados da UTI, a Unidade de Terapia Intensiva, Neonatal.
Iniciativas
Na lista de ações que auxiliaram na recuperação dos estoques – em níveis preocupantes no ano passado – está o uso de bombas elétricas para estimular a lactação. A técnica ajuda as mães de bebês internados na UTI Neonatal, a Unidade de Terapia Intensiva para bebês pré-maturos, a produzirem o leite para o próprio filho que está em tratamento.
“Como os bebês estão internados, a tensão das mulheres muitas vezes inibe a produção do leite. Assim, em 2017, iniciamos a utilização eficaz das bombas elétricas para estimular a produção do leite nessas mulheres e temos obtido crescentes resultados positivos”, comemora a coordenadora do Centro de Lactação – Banco de Leite Humano da Maternidade de Campinas, Juliana de Almeida Coco.
Em 2017, o aumento foi de 122,7 litros de leite, se comparado com o ano anterior. “O mais importante é que, ao alimentar os bebês com o leite exclusivo – da mãe para o próprio filho -, estamos conseguindo, também, reduzir o tempo de internação dos recém-nascidos prematuros”, diz.
O aumento da doação do leite exclusivo por meio de coleta mecânica na Maternidade de Campinas foi apresentado por Juliana Coco na forma de trabalho científico, no mês passado, no V Congresso Paulista de Bancos de Leite Humano, no XV Encontro Paulista de Aleitamento Materno, no Encontro Nacional das Referências Estaduais em BLH e no II Congresso Macrorregional da região Sudeste.
Aumento do leite exclusivo
Atualmente, a UTI Neonatal da Maternidade de Campinas recebe entre 2,5 litros e 3 litros de leite por dia. O volume coletado de doadora exclusiva cresceu quase 113% de janeiro a abril deste ano, se comparado com igual período de 2017. A quantidade subiu de 22,48 litros para 47,7 litros. A meta é que todos os bebês internados sejam alimentados com leite de doadora exclusiva (a própria mãe). “Na maioria dos casos, porém, ainda é necessário suprir a demanda com leite de doação externo até que a mãe de UTI venha a produzi-lo”, esclarece.
Potencial de doadoras
Outra iniciativa do Banco de Leite Humano da Maternidade de Campinas foi reforçar a campanha junto às mais de 900 mulheres que realizam os partos no hospital por mês, considerando que todas são potenciais doadoras de leite. Os esforços resultaram na expansão da quantidade de doadoras.
No período de janeiro a abril do ano passado, a média mensal era de 80 mães doando leite para o Banco. A média de 2018 já está em 108 doadoras por mês, o que representa um crescimento de 35%. O Banco de Leite Humano também registrou uma alta de 53% na distribuição de leite. A quantidade passou de uma média de 51 litros por mês para 78 litros por mês.
Exames
Além disso, a Maternidade de Campinas passou a oferecer às mães os exames de sorologia necessários para atestar a qualidade do leite doado. As doadoras podem fazer os testes às segundas-feiras, das 13h às 15h, no ambulatório do hospital. É necessário apenas fazer o agendamento prévio. “A pretensão futura é a coleta de sorologias na residência da doadora”, informa o presidente da Maternidade, Dr. Carlos Ferraz.
“A realização do exame no hospital facilitou muito para as doadoras. Antes, as mães tinham que providenciar por conta própria os exames. Muitas mulheres usavam o sistema público de saúde, mas a estrutura dos centros de saúde nem sempre possibilitava agilidade na realização dos testes. Acabávamos com um índice elevado de descarte de leite”, conta Juliana.
Ao oferecer os exames, a Maternidade de Campinas também reduziu muito a perda de leite. “Nossa meta agora é zerar o descarte. Hoje a perda é uma quantidade mínima. No passado, tínhamos que descartar um volume enorme de leite porque muitas doadoras não apresentavam os exames”, comenta.
A coordenadora informa que os exames são necessários porque o alimento oferecido aos bebês tem que ser isento de contaminação. “O leite materno que forma o nosso banco é usado para alimentar os bebês que estão internados na UTI neonatal. Essas crianças têm um peso extremamente baixo e precisam de cuidados especiais. Temos que garantir a qualidade do leite sem nenhuma contaminação”, reforça o presidente.
O Ministério da Saúde preconiza que, para a Região Metropolitana de Campinas (RMC), é necessário realizar as sorologias de sífilis, hepatites B e C, doença de Chagas, HTLV (Vírus Linfotrópico da Célula Humana) e HIV (Aids).
Ampliação
A coleta de leite materno não se limita às mães que realizam partos na Maternidade de Campinas. Para abastecer o Banco de Leite Humano são retiradas doações nas residências das mães que moram em outros municípios. O único veículo da Maternidade de Campinas atende também outras necessidades administrativas.
Para ampliar essa coleta na região, o ideal seria que o hospital tivesse um veículo exclusivo para isso. “O hospital precisa da ajuda da sociedade e da iniciativa privada para conseguir recursos para a compra de um novo veículo. Iniciamos uma série de campanhas para a arrecadação de recursos para esse fim”, explica o presidente da Maternidade de Campinas, Carlos Ferraz.