quinta-feira, outubro 9, 2025
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Polícia Científica usa alta tecnologia para identificar metanol e falsificações em bebidas



Análises laboratoriais com cromatógrafos e espectrômetros garantem precisão e ajudam a combater produtos adulterados que colocam vidas em risco

A Polícia Científica tem desempenhado papel essencial nas investigações que envolvem bebidas adulteradas e falsificadas. O processo começa com a análise visual de embalagens, rótulos e tampas em busca de indícios de irregularidades. Depois, as amostras seguem para o laboratório, onde equipamentos de alta tecnologia permitem detectar substâncias tóxicas, como o metanol, capaz de causar cegueira e até a morte.

Após operações conjuntas com as polícias Civil e Militar, o material apreendido — geralmente em bares, festas, distribuidoras e fábricas clandestinas — é encaminhado à perícia. No setor de Documentoscopia, os especialistas ampliam imagens de selos, lacres e embalagens para identificar diferenças entre produtos originais e falsos. “Um selo falso já é um indicativo de reutilização de garrafas autênticas para inserir líquido adulterado”, explica Nícia Harumi Koga, diretora do núcleo. O uso do Comparador Espectral de Vídeo permite observar relevos, carimbos e qualidade gráfica, confirmando fraudes com precisão.

Na etapa seguinte, o Núcleo de Química analisa o conteúdo das garrafas. Por meio de espectrômetros de massa e cromatógrafos, os peritos conseguem separar e medir a concentração de metanol presente nas amostras. “Não basta detectar a substância. É preciso identificar a quantidade e verificar se ultrapassa os níveis tolerados”, destaca o perito Alexandre Learth, do Centro de Exames, Análises e Pesquisas (Ceap). Segundo ele, bebidas falsificadas podem conter concentrações muito acima do permitido — a ingestão de apenas 10 mililitros já causa danos ao nervo óptico e, acima de 30 mililitros, pode ser letal.

As análises também incluem a comparação com amostras originais fornecidas pelos fabricantes, o que permite confirmar se o produto corresponde à composição autêntica. O trabalho integrado entre os setores de perícia e as forças de segurança tem garantido resultados expressivos: até o momento, 192 casos foram registrados, sendo 14 confirmados, com mais de 50 mil garrafas apreendidas e 41 pessoas presas. Em apenas uma semana, foram realizadas 60 operações e recolhidas 7 mil garrafas suspeitas de falsificação.

A atuação coordenada da Polícia Científica tem se mostrado decisiva no combate a um crime que, além de prejudicar a economia, representa grave ameaça à saúde pública.