quinta-feira, novembro 21, 2024
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SindusCon-SP aponta dificuldades na construção, mas mantém crescimento do setor para 2024

Yorki Estefan, Presidente do Sinduscon | Crédito/foto: Divulgação/Rononcon&Graça

Em Reunião de Conjuntura do SindusCon-SP, a previsão de crescimento da construção, embora com solavancos como aumentos dos preços dos materiais e escassez de mão de obra qualificada está mantida. Conduzida nesta quarta-feira (7/2), por Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia, com a participação de Yorki Estefan, presidente da entidade, eles analisaram as perspectivas para o desempenho da economia e da construção neste ano de 2024.

Conforme Zaidan, vive-se uma época em que a macroeconomia parece razoavelmente arrumada, porém a recuperação dos empregos é muito baseada em salários baixos e pouca produtividade, especialmente nos comércios e serviços. O bom resultado da balança comercial ainda está muito baseado na indústria do petróleo e no agronegócio, com preços sempre sujeitos a flutuações externas. Entretanto, segundo o vice-presidente, a situação fiscal segue delicada, o governo pretende enfrentá-la, porém enfrenta resistências, ocasionando um baixo investimento na produção.

Já o presidente do SindusCon-SP, Yorki Estefan, manifestou preocupação com novas pressões de alta de preços dos materiais de construção, a concentração da produção no mercado do cimento e o crescente déficit das contas públicas.

Expectativas otimistas – Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), analisou em sua apresentação que em 2024 o FGTS manterá o orçamento para a habitação. O financiamento da Poupança deve apresentar ligeira queda em termos reais. Os investimentos em infraestrutura devem ter aumento real de 7%.

Para a economista, as sondagens da construção da FGV realizadas em dezembro mostraram que mais da metade das empresas têm expectativas positivas em relação a este ano. No caso da construção, essas expectativas mostraram-se mais fortes no setor de infraestrutura e menos nos serviços especializados. Entre os principais fatores para tanto estão a expansão dos negócios e o aumento das receitas. Como limitações aos negócios, figuram demanda insuficiente, preços elevados dos materiais e escassez de mão de obra especializada.

Desta forma, permanece a estimativa da FGV Ibre de crescimento de 2,9% do PIB da construção. Agora em janeiro, aumentos de preços de agregados, do cimento, do concreto e do bloco de concreto estão sendo informados à Fundação e deverão aparecer mais adiante no INCC. A economista informou que, em função do maior investimento em infraestrutura, a indústria cimenteira espera crescer 2% em 2024 e anunciou investimentos para o aumento da capacidade de produção.

Crédito/foto: Divulgação/SindusCon-SP

Conjuntura Econômica – Robson Gonçalves, professor da FGV, observou que, além da baixa taxa de investimento, outros fatores influenciam para a expectativa de desaceleração da taxa de crescimento do PIB em 2024 (1,6%, segundo o Boletim Focus), como corrupção e polarização política.

Entretanto, observou o economista, há sinais de que o crescimento possa ser maior, próximo a 2%, tais como: investimentos no setor automobilístico, elevações no emprego e na arrecadação, continuação da queda dos juros, desinflação global e a melhora de percepção de parte do empresariado em relação à atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O professor afirmou que a desaceleração da economia chinesa tem baixado os preços internacionais das commodities. Já fatores como safra menor no Brasil poderão impactar os preços dos alimentos. Entretanto, o cenário internacional ainda mantém incertezas derivadas das atuais conflagrações, que podem trazer surpresas ao longo do ano, ressalvou.

Gonçalves lembrou que o agravamento das contas públicas ocorreu no governo Bolsonaro. E comentou que o esforço de ajuste fiscal do governo Lula mira apenas no aumento da receita e não na diminuição das despesas. Isso, a seu ver, pode gerar grandes dificuldades para os próximos governos. Ana Castelo lembrou que o Congresso também contribui para o desequilíbrio das contas. E defendeu que a indústria da construção atue para que os recursos das emendas parlamentares sejam canalizados a obras inacabadas de relevância.

Nos debates que se seguiram, Zaidan comentou que uma eventual expansão do tamanho do mercado da construção poderia atrair novos fabricantes de materiais, reduzindo a concentração em alguns segmentos. Eduardo Capobianco, representante do SindusCon-SP na Fiesp, sugeriu que o setor também discuta formas de enfrentar a elevação de preços, como a importação de materiais.