domingo, novembro 24, 2024
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Suicídio – Uma Realidade Cada Vez Mais Presente, Mas Ainda Cercada de Tabus

Setembro Amarelo, o Mês da Prevenção Contra o Suicídio!

No geral, esperamos até setembro para falarmos sobre o suicídio, infelizmente, assunto que deveria ser frequentemente discutido, já que músicas, livros, desenhos infantis, jogos eletrônicos e as próprias redes sociais estão repletas de incentivo ao suicídio, mostrando inúmeras possibilidades de realizá-lo a qualquer um que esteja com vazio dentro de si ou até mesmo esteja sofrendo de uma depressão severa.

 A Campanha

Dra. Priscila Zempulski Dossi é médica psiquiatra com especialização em psiquiatria infantil e adolescência pela Unicamp

A campanha teve sua origem nos EUA, com o suicídio do jovem Mike Emme, de 17 anos, em 1994; como os pais do rapaz não haviam percebido que ele vinha sofrendo de sérios problemas psicológicos, nem mesmo as pessoas mais próximas, uma fatalidade aconteceu. Mike tinha um Mustang 68 que ele mesmo reformou e pintou de amarelo, por esse motivo, cartões com fitas amarelas com a frase “Se você precisar, peça ajuda”, foram entregues em seu velório.

Depois do episódio, os pais do jovem, Dale e Darlene, iniciaram o programa de prevenção ao suicídio chamado “fita amarela” (Yellow Ribbon); por isso a fita amarela tornou-se símbolo da campanha. No ano de 2003, a OMS decretou o dia 10 de Setembro como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. No Brasil a campanha teve início somente em 2015, também para conscientização das pessoas sobre o suicídio e sua prevenção.

Segundo a Dra. Priscila Dossimédica psiquiatra, com especialização em infância e adolescência pela Unicamp – O suicídio é uma realidade em nosso meio. E ao contrário do que muitos ainda pensam ou do que se pensava antigamente, no tempo em que era considerado tabu falar em suicídio, uma das melhores maneiras que temos para prevenir o suicídio é falando sobre ele, é conversando com quem sofre a respeito, buscando ter empatia com a dor do outro para poder ajudá-lo.

“Os tabus sempre existiram e ainda hoje temos que lidar com eles.”

Olhando para o passado histórico encontramos alguns lugares na Europa, como na Espanha, em que os suicidas tinham o seu corpo amarrado e puxado por um cavalo por toda a cidade para servir como exemplo. As grandes religiões sempre condenaram o suicídio, inclusive não se poderia realizar cultos em favor da alma da pessoa que cometeu suicídio.

Nos Dias Atuais:

Por outro lado, atualmente, o que vigora é o antropocentrismo, ou seja, o ser humano se tornou o centro do universo, e por isso passou a acreditar que estava livre para tudo, inclusive para escolher quando e como morrer. E os sintomas dessa mudança de mentalidade aparecem em publicações em forma de livro em que autores ensinam as mais diversas maneiras de se tirar a própria vida.

Sinais Identificáveis:

ADra. Priscila Dossichama atenção para alguns sinais que podem indicar que a pessoa esteja pensando em acabar com a própria vida e sugere que fiquemos atentos às pessoas ao nosso redor:

– Alterações extremas de Humor: Sentimentos de raiva excessiva e vingança, irritabilidade, sentimento de culpa, vergonha, ansiedade, dentre outras. Enfim, essas alterações podem expressar emoções suicidas, conforme o contexto em que se encontram.

– Pensamentos obsessivos: Acompanhados das emoções há os pensamentos mórbidos, sem esperança, uma visão da vida como sem propósito, sem sentido.

– Avisos e ameaças: Com os pensamentos, seguem as falas; frases como “A vida não tem sentido”, “Nada vale a pena”, “Quando eu morrer você sentirá minha falta”, são alguns exemplos de intenção suicida.

– Desapego: Doação de seus pertences, aparentes despedidas às pessoas queridas também são sinais de alerta.

– Comportamento de Risco: Atitudes e comportamentos de risco, atos irresponsáveis sem medir as consequências, consumo de drogas e álcool excessivos, direção perigosa e até sexo indiscriminado e sem proteção são sinais de descaso com a vida.

– Súbita Melhora: Não se engane, não é apenas aquela ideia de “fundo do poço” que pode estar ligada ao suicídio. A felicidade repentina pode ser um sinal de que a pessoa já aceitou tirar a própria vida como algo natural e certo a se fazer e que não há impedimentos ou amarras de levar a intenção até o fim. Desse modo, ela pode se mostrar conformada, e não mais angustiada.

Depressão, suicídio

“Muitas são as causas de tendências suicida, mas se você conhece uma pessoa próxima, um amigo, vizinho, algum familiar, alguém que esteja com um comportamento diferente, muito isolada, triste, perdendo o prazer pelas coisas, com um discurso de desesperança pela vida, ou mesmo se você não está se sentindo muito bem, procure ajuda o quanto antes. Dizemos isso pois a pessoa pode se acostumar com aquele comportamento, com aquele sentimento e acaba não enxergando a gravidade do próprio problema. Geralmente, é um olhar de fora que irá identificá-lo. Por isso, o mais importante é buscar ajuda profissional, de um psicólogo ou psiquiatra. Sempre: quanto mais cedo, melhor.” – finaliza a especialista Dra. Priscila Dossi.